Trabalho: Como resistir à uma cultura que despreza o trabalho e o trabalhador

Quantas vezes você já entrou em uma rede social e se deparou com alguém falando mal do trabalho? Já sentiu vergonha da sua profissão ou pensou que não vale a pena trabalhar? Será que o trabalho precisa mesmo ser algo ruim e penoso? Por que passamos a encarar o trabalho apenas como uma obrigação — algo que evitaríamos se tivéssemos escolha? Vamos juntos conversar sobre esse tema e tentar evoluir mais um pouquinho?

Wictor Mariano

7/13/20257 min read

Nesses últimos dias, tenho pensado muito sobre a importância do trabalho para o indivíduo e tentado integrar, de forma realista, nosso papel no mundo por meio daquilo que construímos. Observo calado a cada postagem nas redes sociais de diversas pessoas influentes criticando quem trabalha com carteira assinada (CLT). Piadas com quem é CLT. Até usando o termo “CLT” para ofender alguém, do tipo: “Você é CLT, fique na sua!”. Quando vejo alguém vendendo curso na internet, o principal argumento é: “Deixe de ser CLT”. Outro dia, assisti a um vídeo de um rapaz perguntando a moças muito bonitas se namorariam alguém que fosse CLT, e elas disseram unanimemente que não. Quando converso com amigos sobre o tema “trabalho”, todos dizem trabalhar apenas por necessidade. Que, se tivessem opção — nascido ricos, por exemplo —, não trabalhariam. Para a maioria das pessoas com as quais convivo, o momento alto do dia é a hora em que termina o trabalho. A melhor parte da semana são os feriados e finais de semana.

Quando retomo meu raciocínio sobre a importância do trabalho, de forma geral, me parece que a maior importância (e talvez a única, para muita gente) seja a necessidade! Quem trabalharia se pudesse não trabalhar!? Esse pensamento tem me assombrado muito ultimamente, porque essa característica nas pessoas vai totalmente de encontro com aquilo em que acredito. Não é possível que eu seja tão ingênuo a ponto de pensar estar certo e todos estarem errados! As pessoas se envergonham de seus trabalhos! Trabalham por obrigação, são infelizes naquilo que fazem e vivem seus dias em um futuro que nunca chega, como se fossem imortais. Vegetam no Instagram e TikTok como se, a qualquer momento, tivessem outra opção, e se drogam com a vida dos outros — vida que nunca viverão! São, para mim, como zumbis que só vão empurrando suas não-vidas para frente.

Não consegui definir por mim mesmo se essa característica é interna — ou seja, as pessoas realmente pensam assim — ou se é externa, e, de tanto aparecer em tantos lugares, por tantas pessoas diferentes e de tantas formas diferentes (sejam escancaradas ou discretas), as pessoas passaram a acreditar que o trabalho é ruim. Da mesma forma que não consegui definir com certeza a origem dessa característica, também não consegui encontrar um único exemplo de alguém que seja excepcional em algo que não goste de fazer! Qualquer pessoa muito boa em alguma coisa ama profundamente aquilo que faz. Nesse caso, consigo inúmeros exemplos. Mas, ao contrário, nem mesmo um...

Dessa forma, meu pensamento converge para o seguinte questionamento: Por que, em vez de as pessoas ficarem fantasiando (levianamente consigo mesmas) sobre vidas que não lhes pertencem, não abraçam suas próprias características e oportunidades e prosperam naquilo que lhes é tangível?

Acredito, com muita convicção, que a resposta a esse questionamento seja porque estamos — aparentemente em uma maioria assustadora — abandonando a importância das virtudes e relativizando o certo e o errado. Isso nos leva a relativizar também o que é importante e o que não é.

O trabalho é extremamente importante para o indivíduo! Penso que perca em importância somente para a família! É no trabalho que nossa potência tem valor. Onde podemos agregar valor real a um grupo e, consequentemente, à sociedade. Onde se pode desenvolver verdadeiramente, até porque seus erros são apontados para que você possa melhorar. Onde se aprende constantemente, tanto na técnica quanto no comportamento. É no trabalho que o valor do indivíduo — no sentido de importância — aparece mais facilmente. No trabalho, você é obrigado a conviver com pessoas que pensam totalmente diferente de você. Aqui, sim, se emprega a tolerância e a diversidade que valem a pena. É muito fácil ser tolerante quando só se convive com pessoas que pensam e agem exatamente como você. É no trabalho que se tem o sentimento de orgulho de cada coisa bem feita que saiu da sua cabeça e das suas mãos. É o trabalho que te dará as principais vitórias da sua vida. E é mentira dizer que trabalhando não se pode ganhar bem. Existem muitas maneiras de se crescer dentro de uma empresa. O grande problema é que a maioria esmagadora das pessoas quer ganhar muito oferecendo nada — e instantaneamente. Crescer dentro de uma empresa leva tempo e demanda esforço. Mas é, sim, muito possível. E, além de ser possível, as empresas são muito carentes de pessoas qualificadas que agreguem valor real. Quantas vezes vi empresas trazerem pessoas de outras cidades porque, dentro da própria empresa, ninguém detinha conhecimentos suficientes para ocupar determinadas vagas?

A forma mais fácil de se destruir qualquer coisa é por dentro. Quando o mal vem de fora, ele chama atenção, e todos se protegem contra ele. Agora, quando ele vem de dentro, dando a impressão de um pensamento original, ele já venceu. Não relativize o mal. Roubar é errado, usar drogas é errado, invadir propriedades é errado, agredir pessoas nas redes sociais é errado, defender guerras é errado, difamar pessoas por divergências de opinião é errado, tratar pessoas que têm fé como ignorantes é errado, criticar a fé das pessoas é errado, ser contra a família é errado, apoiar terroristas é errado. Precisamos parar de concordar com tudo para o outro não ficar magoado. Se é errado, é errado. Ponto.

Mas o que isso tem a ver com o trabalho? É justamente quando não sabemos o que é certo e o que é errado que as virtudes se confundem. Aceitar que tudo é certo e tudo pode camufla (ou até elimina) nossos valores e virtudes. E isso tem total importância quando falamos de trabalho! Como uma pessoa irá prosperar trabalhando, se em sua cabeça o trabalho é algo ruim, opressor, que vai servir para enriquecer outra pessoa que não ela mesma? Esse bombardeio contra o trabalho nos imputa uma horrível sensação de fracasso e impotência! Para prosperar trabalhando, é preciso muita ética, inteligência, esforço, disciplina, companheirismo, lealdade, tolerância, inteligência emocional, flexibilidade etc. Consegue perceber? É difícil fazer o certo! Quanto tempo tenho que trabalhar para comprar um celular? É muito mais fácil roubar um — ainda mais agora... Fazer as coisas do bem dá trabalho e demora! Cursar uma universidade demora cerca de quatro anos, uma pós-graduação mais dois anos, aprender uma segunda língua de dois a quatro anos. Quem quer fazer isso? Porém, a menos que você morra jovem — e espero que não —, esses anos passarão de qualquer forma. Mas é muito mais fácil ficar rolando a tela, reclamando da condição atual e sabotando a empresa do que tirar a bunda da cadeira e suar a camisa para construir um futuro melhor para você, seus familiares e seu país!

Precisamos reforçar muito bem nossas mentes, buscar desenvolver nossas virtudes — até acima de nossos conhecimentos e habilidades! O trabalho é muito bom! Mesmo que você, nesse momento, esteja em um emprego ruim, o trabalho é bom! Busque outro emprego, qualifique-se para poder ter um emprego melhor. Mas, se esse for seu caso, não confunda seu emprego com o ato de trabalhar! É o mesmo que dizer que toda mulher não presta porque você teve um relacionamento ruim. Eu amo trabalhar. O trabalho me permite a sensação de vitória, de importância, de valor. Claro que passo por momentos ruins! Mas são momentos — e esses momentos envolvem situações isoladas e pessoas, não a instituição “trabalho”. O trabalho é sagrado! Sem ele, me sinto absolutamente inútil, um fardo para os outros. Na pandemia, não tive medo de morrer em nenhum momento; meu único medo foi ficar desempregado! Enfim, pode ser ingenuidade da minha parte, e todos estarem certos. Mas, enquanto existir pensamento em meu corpo, viverei para minha família e meu trabalho.

Tudo o que posso pedir com esse texto é que você pense com sua própria cabeça. Tenha clareza do que é certo e errado. Não concorde nem aceite o mal para agradar os outros. Desenvolva suas virtudes e tenha orgulho delas. Ame trabalhar, tenha orgulho do que você faz. Não se envergonhe em ser CLT. E, se for para deixar de ser CLT, torne-se empresário e gere muitos e muitos empregos CLT. Nosso país e nossas pessoas precisam disso. Lembre-se: quem move nosso país são os empresários, não o governo — esse é um freio de mão puxado o tempo todo! Não existe nada bom que seja fácil! Corra atrás dos seus objetivos. Ninguém vai fazer isso por você!

Resumo

Trabalho: Como resistir à uma cultura que despreza o trabalho e o trabalhador

Desvalorização cultural do trabalho – Crescente rejeição ao modelo CLT e romantização de uma vida sem esforço têm enfraquecido o valor do trabalho.

Trabalhar não deveria ser só por necessidade – A maioria trabalha apenas por obrigação, mas o trabalho pode e deve ser fonte de realização e orgulho.

Influência negativa das redes sociais – Conteúdos e opiniões repetidas criam uma visão distorcida de que trabalhar é sinal de fracasso.

Virtudes são mais importantes do que recompensas imediatas – Esforço, ética e paciência são essenciais para prosperar, mas estão sendo abandonados.

Relativização do certo e errado corrói valores fundamentais – Ao aceitar tudo como válido, enfraquecemos princípios que sustentam a dignidade do trabalho.

Trabalho é desenvolvimento pessoal e social – É no trabalho que se aprende, convive, contribui com a sociedade e realiza conquistas reais.

Assuma a responsabilidade pelo seu futuro – Ninguém vai construir por você; cabe a cada um agir, desenvolver-se e ter orgulho da própria trajetória.

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