Crítica e Resiliência: Como resistir e prosperar com saúde e alegria em um ambiente competitivo e hostil.
Quem nunca chegou em casa totalmente destruído por alguma crítica (muitas vezes até agressiva) que recebeu no trabalho? Será que nós somos mesmo tão ruins assim? Por que a fala de outra pessoa tem tanto poder sobre como nos sentimos, ao ponto de nos fazer buscar outro trabalho ou até mesmo perder nossa saúde?
Wictor Mariano
4/20/20258 min read


Antes de entrarmos nos "porquês e comos", é imprescindível descrever alguns conceitos para que estejamos falando da mesma coisa quando me referir à resiliência e à crítica.
Resiliência, no sentido profissional, é a capacidade de resistir às adversidades do trabalho: ser flexível e adaptável, sem sofrimento emocional. Como exemplo, gosto muito de uma frase de um filme sobre lutas de boxe chamado Rocky, Um Lutador, de 1976. Embora antigo, esse filme é sensacional, totalmente focado em superação e resiliência. Ele diz que, para vencer uma luta, não importa o quanto você bate, mas o quanto aguenta apanhar e continuar lutando.
Quando falo de crítica, me refiro a dois sentidos. O primeiro (que deveria sempre ser utilizado) diz respeito a critério, criticidade. Ou seja, atingir ou não algum padrão previamente estabelecido. Por exemplo: sua meta era de cem peças por hora e você fez setenta e cinco — precisa ser mais rápido. Ou: essa caixa de produtos deveria pesar dezoito quilos e está pesando vinte e dois — precisa abrir e conferir. Ou ainda: você deve atender ao telefone com carinho e educação, mas está sendo ríspido com quem está ligando — seja gentil com todos. Essa crítica tende a ser construtiva, porque pode ser utilizada como norteadora para os processos, facilitando a adequação por meio das pessoas envolvidas.
O segundo sentido de crítica (e infelizmente o mais comum) é o que se chama de crítica destrutiva. Ela não deixa claro o que está errado, normalmente é carregada de impressões pessoais e adjetivações. Pode nem ser feita diretamente a você — chega por meio de fofocas. E, como não resolve nada (por falta de clareza e critério), certamente será frequente, pois a causa do problema não será eliminada.
Certo, agora que definimos esses conceitos, podemos refletir.
Como seres humanos, somos seres sociais. Ou seja, nos desenvolvemos para viver em sociedade, contribuir com o coletivo e, por meio dos nossos resultados, sermos importantes para o grupo. Se nosso resultado é bom, adquirimos um lugar no grupo, fazemos parte de algo, somos relevantes. Se nosso resultado é ruim, ficamos à margem, nos tornamos um peso a ser carregado, atrasando o andamento coletivo.
Sendo uma espécie social, estar à margem do grupo se torna algo muito doloroso. E, embora a descrição acima pareça mais “tribal” do que organizacional, ainda somos fortemente afetados por nossa essência de coletividade e pertencimento. É preciso ter em mente que só existem indústrias desde a Revolução Industrial, entre 1760 e 1840. E por milhares de anos, até o surgimento da agricultura (há cerca de 12 mil anos), uma falha podia significar fome ou até a morte de todo o grupo. Acredito que nosso sofrimento diante da crítica seja causado por esses sentimentos negativos implicados no não pertencimento, muitas vezes não compreendidos ou expressos dessa forma por nós.
Vejo diversos vídeos e textos falando sobre a “importância do profissional se tornar resiliente”, “seja resiliente”, como se fosse simples — como se bastasse acionar um comando. Mas acredito que o processo de se tornar resiliente é uma construção lenta e gradativa. Digo isso porque a resiliência exige muito autoconhecimento, objetivos de vida e paciência.
O autoconhecimento implica saber quem você realmente é (não quem acha que é ou gostaria de ser). Conhecer seus pontos fortes, o que o irrita, o que o deprime, o que o motiva, seus medos, o que o faz feliz, o que você não pode tolerar, suas virtudes, suas melhores habilidades, suas reações ao cometer uma falha, seus pontos fracos... tudo sobre você mesmo. Faça uma lista mental sobre você. Muitas pessoas conhecem mais os outros do que a si mesmas. Esse tempo de reflexão é essencial e deve ocorrer constantemente, pois estamos sempre evoluindo. Tenha intimidade em conversar consigo mesmo. O autoconhecimento é indispensável para se tornar (ou se manter) resiliente, porque será sua blindagem contra críticas destrutivas. Se alguém disser que você é ou fez algo ruim, saberá se é verdade. Se for, não sofrerá, pois é realidade. Se não for, também não sofrerá, porque sabe que não é assim — e que quem criticou não sabe do que está falando.
Ter objetivos de vida, especialmente quando envolvem pessoas que você ama, te dará uma força que nem imagina. O trabalho por si só é um bom objetivo — ser feliz nele, ser promovido, alcançar resultados. Mas, no contexto da resiliência, quando você possui sonhos que dependem de dinheiro para se realizarem, qualquer problema no trabalho se torna apenas uma pedra no caminho. Porque você está de olho no sonho, não no problema. Se um problema te faz pedir demissão, talvez precise desistir do sonho ou recomeçar em outro lugar — onde também haverá problemas. Não transforme uma pedra em uma montanha.
A paciência é vital para a resiliência. Precisamos tê-la com os outros, que eventualmente errarão conosco. Mas, principalmente, precisamos tê-la conosco. O processo de se tornar resiliente é, basicamente, o fortalecimento do nosso emocional, nossa força de vontade. Podemos comparar com alguém que decide treinar musculação: se desistir quando o corpo doer, nunca obterá os resultados que deseja. Se quiser acelerar com atalhos como anabolizantes, poderá prejudicar a própria saúde. Tenha paciência. E não desista.
Quando nossa fragilidade é grande, nos magoamos até mesmo com críticas construtivas — aquelas relacionadas a metas e padrões. Mas, nesse caso, trata-se de um erro. Lembre-se: em qualquer empresa, grande ou pequena, fomos contratados para fazer determinada atividade, entregar determinado resultado, seguindo determinados padrões. Se você vai a uma lanchonete e pede um sanduíche, e o garçom traz um cachorro-quente, você não vai reclamar? Entre você e a empresa onde trabalha não é diferente. Sinta-se grato ao receber críticas relacionadas aos seus resultados — elas permitem que você reavalie sua conduta. Se seu gestor ou colegas fazem esse tipo de crítica, é porque querem que você melhore e que o produto ou serviço seja de qualidade. Se não souber como melhorar, peça ajuda. Jamais se magoe por ser cobrado por aquilo que é pago para fazer.
Já a crítica destrutiva, para mim, diz mais sobre quem a faz do que sobre quem a recebe. Gosto de ironizar pensando que, pelo menos, fui útil para aliviar a tensão de alguém que não soube lidar com problemas. Quando recebo uma crítica destrutiva ou fico sabendo que fui criticado dessa forma, faço dois filtros: há algum cabimento no que foi dito? Quem falou tem alguma relevância? Se as respostas forem “sim”, me inteiro do assunto, vejo onde errei e tento melhorar. Se forem “não”, vida que segue — finjo que nem escutei. Não dá para dar ouvidos a tudo, especialmente de quem está no mesmo nível ou abaixo (hierarquicamente). Se for levar tudo a sério, vai gastar mais energia com isso do que com o próprio trabalho — e aí, sim, terá um problema real.
Sempre que recebo uma crítica destrutiva de alguém relevante, faço um exercício mental para lidar com a situação sem me magoar. Imagino cada palavra como cartas escuras caindo. Quando encontro uma palavra que represente um processo ou resultado concreto, imagino-a como uma carta branca e a seguro. Assim, transformo uma crítica destrutiva — cheia de adjetivos, agressiva, nada clara — em algo construtivo. Todo o resto atribuo ao estresse de quem falou, alguém imperfeito como eu. Porque sou resiliente, tenho sonhos que dependem do meu trabalho, e tenho paciência com essa pessoa e comigo mesmo. Se eu fosse perfeito, não haveria espaço para crítica alguma.
Exemplo prático:
"Não é possível! Até agora não terminou esse maldito texto!? Você está nisso a manhã toda, como pode ser tão lento assim!? Já deveria ter revisado e publicado! Será que vou ter que fazer todo o site sozinho!?"
Todas essas palavras, exceto “já deveria ter revisado e publicado”, imagino como cartas escuras caindo — não ajudam em nada. A frase em negrito é a única carta branca, e está relacionada ao prazo de entrega. Amanhã (porque tenho paciência), falarei com meu gestor, mais calmo. Direi, com segurança e dignidade: “O que você acha de determinarmos um prazo de entrega para os textos?” Esse é o único ponto a tratar. Não me importo com a grosseria ou com a acusação de lentidão — tenho autoconhecimento e sei que não sou lento. Escrever e revisar são processos criativos. A forma como fui criticado diz mais sobre ele. Talvez tenha sido cobrado ou esteja passando por problemas. Como ele é relevante, vou considerar. Mas não vou me permitir sofrer. Esse poder, ninguém pode ter. E, como profissional que quer crescer, sempre encontrarei e resolverei as "cartas brancas".
Sou contra pessoas pedirem demissão por não saberem lidar com cobranças ou críticas. Acredito que o trabalho é um lugar para ser feliz — por si só — muito além de ser apenas um meio de adquirir coisas. Toda vez que alguém pede demissão, precisa recomeçar, se provar, buscar crescer de novo — e terá novos problemas. Porque não se fortaleceu. Não se tornou resiliente. E pode acabar passando anos em várias empresas sem conquistar grandes coisas. Os problemas estão aí para serem resolvidos. Gosto de dizer que sou um resolvedor de problemas. No entanto, sei que existem gestores de má índole, despreparados, e empresas negligentes quanto ao tratamento dado aos colaboradores. Se esse for seu caso, procure outra empresa decente e peça demissão. Mas tenha certeza de que fez tudo ao seu alcance para resolver a situação como um profissional resiliente. Não desista nas primeiras dificuldades. Precisa olhar para você com orgulho — do profissional que é e dos resultados que entrega. Você consegue!


Resumo
Crítica e Resiliência: Como resistir e prosperar com saúde e alegria em um ambiente competitivo e hostil.
✔ A crítica construtiva é baseada em critérios e possui o intuito de melhorar comportamentos, processo e resultados.
✔ A crítica destrutiva não é clara, está carregada de impressões pessoais e adjetivos.
✔ Resiliência é o fortalecimento emocional para lidarmos com adversidades profissionais e maneira flexível e saudável.
✔ Para desenvolver resiliência precisamos de autoconhecimento, objetivos e paciência.
✔ Como seres sociais, somos afetados quando sentimos que não fazemos parte do grupo.
✔ Filtre as críticas destrutivas, ignorando-as quando forem irrelevantes.
✔ Converta as críticas destrutivas em construtivas quando forem relevantes, descartando as impressões pessoas e ofensas e focando no cerne do problema a ser resolvido.
✔ Se mesmo se tornando resiliente e tentando resolver os problemas, sua empresa for gerida por pessoas desumanas e despreparadas, insistindo em lhe fazer infeliz, procure outro emprego.


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